A morte do Oráculo


Nas margens de Valvolet, o Rio da Vida corria sob um manto de neblina, suas águas cintilando sob uma luz que parecia vir de lugar algum, mas estava sempre presente. Aldry, o semideus, observava em silêncio as breves ondas, que giravam a grande roda d'água com uma força constante e quase hipnótica. Seus olhos, tão antigos quanto o próprio rio, revelavam uma inquietude que o perseguia há eras.

Embora poderoso, havia nele um vazio, uma busca incessante por algo que escapava à sua compreensão. Ele sentia-se atraído por algo nas águas, como se o rio sussurrasse segredos velados, histórias antigas, que apenas os mortais podiam entender. Aldry contemplava os humanos que passavam pelas margens, suas vidas tão frágeis e breves, e não conseguia deixar de invejá-los. Como podiam eles, tão limitados, viver com tal propósito, enquanto ele, eterno e invulnerável, sentia-se preso em uma existência sem respostas?

A cada dia que passava ali, algo no ar parecia mudar — um sussurro distante, uma presença invisível. Aldry sabia que havia algo à espreita, uma verdade enterrada nas profundezas daquele rio, e que talvez, apenas talvez, o segredo de sua própria inquietação estivesse escondido nas águas misteriosas do Rio da Vida.



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